Misto de luta-jogo-dança praticada ao som de instrumentos musicais, a capoeira traz com sua história a origem da cultura negra. A arte marcial foi desenvolvida pelos escravos bantus de Angola durante o Brasil Colônia, sobretudo na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. O termo capoeira é de origem tupi. Significa “mato cortado” (caá-puera) e virou sinônimo de luta e dança.
No Rio Grande do Sul, a arte foi desenvolvida pelo baiano Manoel Olímpio de Souza, o Mestre Índio. Nascido em Salvador em 1955, ele aprendeu a arte da capoeira com o seu pai aos seis anos de idade. O jogo do Mestre Índio é ensinado e praticado em vários estados brasileiros, bem como na Argentina, Austrália, Estados Unidos, França e Suíça.
Além de ser ensinada em academias, a capoeira é abordada por vários projetos sociais, desenvolvidos por professores, dando oportunidades e diversas crianças carentes. Em Novo Hamburgo, a capoeira iniciou com o Mestre Duda (José Feliciano da Silva Neto) em 1986. Por ser uma região de colonizadores alemães, o crescimento da capoeira passou por dificuldades, sofrendo preconceito da comunidade. Inicialmente, o trabalho na cidade começou em academias, criando um grupo chamado “Grupo de Capoeira Dança do matagal”. Após o início do grupo, começou a divulgar para a comunidade local uma cultura pouco conhecida e temida pelas autoridades locais.
A partir de 1988, Mestre Duda começou um trabalho social e comunitário com crianças carentes. Esse projeto era subsidiado pela Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo e tinha como objetivo resgatar a auto-estima e a história da trajetória dos negros em nossa região. Esse trabalho foi desenvolvido em algumas escolas do município de Novo Hamburgo.
A Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial (Abefi) desenvolve na cidade o projeto “Ação Encontro”, na Vila Palmeira, que recebe cerca de 80 crianças. O Mestre Davi Ernani de Souza coordena o projeto e ajuda a desenvolver nessas crianças o ritmo, a coordenação motora e a sensibilidade, auxiliando o crescimento pessoal e escolar de uma comunidade carente. Quando criança, Davi fez parte do projeto e hoje é um exemplo para as crianças que percebem que, com força de vontade, podem desenvolver sua cultura em seu trabalho.